Em 2013 eu participei de um seminário promovido por um famoso movimento que prega a abstinência sexual entre os jovens. Foi um dia inteiro de atividades e palestras nas quais o líder discorria sobre a importância de se guardar até o casamento, as vantagens de um casamento “puro”, as promessas de Deus que se cumprem na vida de quem obedece, além, de claro, falar muito sobre o seu próprio exemplo.
Por ser comunicadora, costumo prestar bastante atenção nos detalhes dos discursos e notei quando ele disse a sua idade e, horas depois, falou quanto tempo tinha de casado. Rapidamente fiz as contas e descobri que ele tinha se casado aos 21 anos, o que para mim, nos dias de hoje, é bem cedo! Quantas pessoas você conhece que, aos 21 anos, têm condições de casar e sustentar uma família?
Fazendo uma rápida pesquisa na internet, é fácil encontrar esse mesmo líder declarando que não namorou durante a adolescência e que se casou com sua primeira namorada. Aí eu fico me perguntando: uma pessoa que praticamente não teve experiência de namoro e casou tão cedo realmente pode dizer que esperou? Será que ele tem o melhor exemplo para dar quando compartilha seu testemunho com milhões de pessoas, incentivando-as a seguí-lo? O quanto de fantasia e o quanto de sorte tem nessa história?
Assim como eu, acredito que muitas pessoas têm ou já tiveram a sensação de que as discussões sobre sexo nas igrejas são rasas e cheias de meias verdades (ou de fantasias mesmo!). Parece que tem sempre algo que não está sendo dito e muitos têm medo de falar o que realmente pensam ou o que realmente viveram e serem condenados. Por isso, atendendo a pedidos, resolvi escrever essa série de textos sobre o assunto, na tentativa de ajudar a promover uma discussão mais profunda e realista sobre o tema (mesmo correndo o risco de ser apedrejada e mal interpretada). Mas de antemão já quero deixar claro que não sou detentora da única verdade e que esse assunto não se encerra aqui.
Antes de começar a discutir essa questão, que é uma das mais polêmicas no meio cristão, quero afirmar também que não sou contra o discurso de abstinência sexual até o casamento e acho muito válido ter movimentos dentro da igreja que incentivem isso, desde que eles sejam pautados num diálogo sincero e maduro. Também não tenho nada contra o movimento ao qual me referi e acredito nas boas intenções da sua liderança, mas faço algumas críticas aos métodos que utilizam (que, obviamente, não foram inventados por eles, mas são típicos da igreja evangélica de um modo geral).
Pela complexidade do assunto, teremos esta semana um texto por dia e cada dia trarei um aspecto diferente. É importante que você leia do início ao fim, na ordem de postagem, para entender a linha de raciocínio. Não me responsabilizo por quem tirar conclusões precipitadas sem ler esta série até o final, nem por quem tem problemas de interpretação de texto. Meu intuito é ajudar a promover uma discussão mais séria e menos opressora. Fique à vontade para opinar, critica ou sugerir! 😉
(ATENÇÃO: Esse texto é apenas a introdução da série Virgindade e sexo antes do casamento e não deve ser lido isoladamente. Para uma compreensão completa, é necessário ler os textos subsequentes: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4.)
3 Comentários
Já começou bem! Estou amando…
Otimo! Continuo te acompanhando. Vamos juntas!
Discussão muito interessante e necessária, Isabela! 🙂 Estarei acompanhando